O Grande Gatsby
Feito uma Gazela
A conclusão é simples: quando se
preocupa em contar uma história Baz Luhrmann alcança inconteste eficiência,
quando, de modo inverso, se esmera em ser apenas afetado seu trabalho resulta
histérico e exagerado. O Grande Gatsby
(EUA, 2013) muitas vezes lembra Moulin
Rouge e seu parecido drama de um amor impossível; a diferença, porém, é que
enquanto a ousadia pós-moderna desse segundo o impedia de ser cafona – ainda
que Ewan Mcgregor com sua atuação histriônica em muito se esforçasse nesse sentido
– o filme estralado por Leonardo DiCaprio e Carey Mulligan revela timidez no
toque pós-modernista – a trilha sonora é o maior exemplo disso – e total
desinibição para aquilo que é over.
Dentro deste contexto, em certa
passagem a mãe da personagem Daisy (C. Mulligan) a recrimina por andar
galopando, o que não deixa de ser curioso, afinal é o próprio longa-metragem que,
na verdade, descarada e desnecessariamente por vezes assim se comporta. Sim, os
figurinos e cenários são opulentos, majestosos – mas isso já havia sido visto
com serventia maior no já citado musical Moulin
Rouge – compondo, assim, um visual belo, todavia, maculado pela infeliz insistência
no uso de truques de computação gráfica e tomadas aéreas que por vezes fazem o
espectador estranhamente pensar que está vendo um dos capítulos da saga O Senhor dos Anéis.
Menos mal que no bojo do novelão
que é a trama de O Grande Gatsby há
um casal competente de atores que se sobrepõe a penteadeira de quenga que não
raro é a direção de Luhrmann - entretanto, como para cada escolha correta há
outra equivocada, Tobey Maguire compromete enquanto fio condutor da narrativa
na medida em que sua limitação o permite a apenas repetir os trejeitos
abobalhados de um certo Peter Parker.
Com efeito, se de um lado Austrália, por exemplo, era bobo e ufanista, O Grande Gatsby, por seu turno, soa
pretensioso – como ignorar que a mise-en-scène
de Luhrmann, no que tange a encenação do sucesso alcançado por Gatsby, emula a ascensão
de Charles Foster Kane? – e, como já dito, afetado, o que denota a natureza ultimamente
equivocada das sempre arriscadas decisões tomadas pelo cineasta australiano. Sob
um prisma piedoso, resta provada, em contrapartida, a corajosa fidelidade do
artista em relação a um estilo por ele difundido, o que dessa vez leva a obra
em comento a ao menos rivalizar pelo título de “filme exagerado do ano” com o
até então imbatível Os Miseráveis. E
quem não gostar dessa toada que vá assistir Os
Mercenários.
Ficha
Técnica
Título Original: The Great Gatsby
Direção: Baz Luhrmann
Roteiro: Baz Luhrmann, Craig Pearce
Produção: Baz Luhrmann, Catherine Knapman, Catherine Martin, Douglas Wick, Lucy
Fisher
Elenco: Amitabh Bachchan, Arthur Dignam, Barry Otto, Brendan Maclean, Callan McAuliffe, Carey Mulligan, Corey Mills, Daniel Newman, Drew Pearson, Elizabeth Debicki, Felix Williamson, Gemma Ward, Goran D. Kleut, Isla Fisher, Jacek Koman, Jack Thompson, Jason Clarke, Joel Edgerton, Kate Mulvany, Kim Knuckey, Leonardo DiCaprio, Max Cullen, Stephen James King, Tobey Maguire, Vince Colosimo
Fotografia: Simon Duggan
Estreia no Brasil: 07.06.2013 Estreia Mundial:
10.05.2013
Duração: 142 min.
"penteadeira de quenga" foi demais...
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