Face Oculta

outubro 20, 2011

Face Oculta

Era Uma Vez um Clímax

É impossível assistir Face Oculta (EUA, 2010) sem lembrar a todo instante de Psicose (EUA, 1960), afinal, seu protagonista, tal qual Norman Bates, adquirira após a morte da mãe distúrbios de dupla personalidade que o levam a se travestir com as roupas daquela. Todavia, diferentemente do clássico de Alfred Hitchcock, a obra do estreante Michael Lander não envereda pelo caminho da violência, preferindo, assim, focar-se no aspecto psicológico do ser retratado. O problema, dentro deste contexto, reside no fato de a plateia ser obrigada a aceitar que, dentre as inúmeras pessoas que estabelecem contato com a versão feminina do personagem, nenhuma sequer suspeite estar perante um homem travestido. Tal forçada de barra é até atenuada graças a estrutura do roteiro que num crescendo leva o público a crer que alguma reviravolta virá pela frente; mas, eis que o clímax não chega e o espectador, frustrado, fica com cara de quem comeu e não gostou vendo os créditos subirem. Tamanha ludibriação, vale frisar, não pode nem mesmo ser aplacada sob o manto de uma justificativa ‘cabeça’ do tipo ‘o filme revela uma ousada opção de quebra de clichês’; afinal, toda a sua trama é, de maneira inconteste, calcada em parâmetros narrativos há muito consolidados. Por isso, o que fica – além dos ótimos trabalhos de Bill Pullman e Cillian Murphy –, é a impressão de que, a despeito do desejo de soar diferente, o que realmente falta para Face Oculta é a coragem de se assumir enquanto o projeto convencional que é.

Ficha Técnica