Django Livre
Um Bom Problema
Django Livre (EUA, 2012) possui todos os elementos que
caracterizam o cinema de Quentin Tarantino e que fazem a alegria de seus fãs,
quais sejam: as referências/homenagens a obras cinematográficas de outrora, a
violência estilizada, a participação sempre
curiosa do diretor no elenco, a trilha musical ousada e precisa¹, além do senso de humor ácido, ainda que camuflado de nonsense - neste passo, o diretor aborda o espinhoso assunto da escravidão, mas o faz de uma forma ímpar na
medida em que sua visão ferina não se torna enfadonha porque permeada de
tiradas cômicas altamente reflexivas², modus operandi semelhante, portanto, ao utilizado em Bastardos Inglórios (EUA, 2009) quando tratara de outro tema sério, qual seja o genocídio de judeus.
Saltam
aos olhos também, como de costume, o dom do artista na direção de seus atores.
A seu dispor, nomes como Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Don Johnson e,
claro, Christopher Waltz alcançam tons superlativos de interpretação nem sempre
repetidos com outros diretores, o que muito provavelmente se deve a
originalidade da escrita tarantinesca.
Ante tantas qualidades, o que impede, então,
que o faroeste receba uma cotação máxima? O excesso. Ao contrário da
regularidade com que, por exemplo, Woody Allen produz seus títulos, Tarantino
consome mais tempo para criar, o que acaba tornando seus lançamentos
verdadeiros eventos, aspecto esse em que os filmes são frequentemente marcados por uma
longa duração e por um acúmulo gigante de boas ideias.
Ocorre
que se o projeto Kill Bill (EUA,
2003/2004) deixou a sensação de que seus dois volumes poderiam ter sido condensados
num único - tendo em vista que sua primeira parte detinha mais forma que
conteúdo - Django Livre não revela sequer
uma ideia irrelevante. O problema, porém, é que tanta originalidade acaba por
comprometer o filme em seu ritmo e torná-lo um tanto demorado. Será
que, enfim, essa seria a hipótese correta de uma divisão da obra em duas
partes? Independentemente da resposta, são raros os cineastas que um dia
padeceram do excesso de talento, o que, há de se convir, não deixa de ser um bom
problema.
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1.“James
Brown e 2Pac cantando juntos na trilha de um filme que se passa nos Estados
Unidos pré-abolição da escravatura. Você não vai ter tempo de considerar as
muitas implicações temporais e metafóricas da trilha sonora de Django Livre, porque essa, como todas as
outras trilhas dos filmes de Tarantino, empolga além de qualquer consideração
racional. Com uma seleção de funk, soul e hip hop, clássicos e contemporâneos,
e o melhor das trilhas incidentais dos westerns de Leone e Corbucci, a trilha
de Django Livre é a mixtape mais
original já feita por Tarantino” (FONTE: Revista VIP. Ed. 334. Ano 32. N° 01. São Paulo: Abril, Janeiro de 2013. p.31).
2. Dito isso, como não explodir em gargalhada diante da sequência da atabalhoada reunião de integrantes da Klu Klux Klan e, ao mesmo tempo, não pensar na pequenez e arrogância da causa discriminatória?
2. Dito isso, como não explodir em gargalhada diante da sequência da atabalhoada reunião de integrantes da Klu Klux Klan e, ao mesmo tempo, não pensar na pequenez e arrogância da causa discriminatória?
Título Original: Django Unchained
Direção
e Roteiro: Quentin
Tarantino
Produção:
Reginald Hudlin,
Pilar Savone, Stacey Sher, Harvey Weinstein
Elenco: Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Christoph Waltz, Jamie
Foxx, Kerry Washington, Walton Goggins, James Remar, Don Johnson, Anthony
LaPaglia, Tom Savini, James Russo, Gerald McRaney, M.C. Gainey, Laura
Cayouette, Gary Grubbs, Dennis Christopher, Rex Linn, Tom Wopat, Lewis Smith,
Evan Parke, Sharon Pierre-Louis, Nichole Galicia, Cooper Huckabee, Misty Upham,
Todd Allen, Catherine Lambert, David Steen, Shannon Hazlett, Johnny Otto,
LaTeace Towns-Cuellar, Danièle Watts, Miriam F. Glover, Kinetic, Justin Hall,
Jake Garber, Christopher Berry, Johnny McPhail, Mustafa Harris, Dana Michelle
Gourrier, Michael McGinty , Jonah Hill
Fotografia: Robert Richardson Trilha Sonora: Mary Ramos
Estreia Mundial: 25.12.2012 Estreia Brasil:
18.01.2013
Duração: 165 min.
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