Sicario – Terra de Ninguém
A
Derrota das Ressalvas
Sicario – Terra de Ninguém (EUA, 2015) é uma obra forte,
contundente e de sequências arrasadoras dado o grau de tensão com que
retratadas. Todo esse êxito corrobora em última instância o talento de Denis
Villeneuve e prova para quem ainda pudesse duvidar – mesmo depois de O Homem Duplicado (Canadá/Espanha,
2013)¹ – que o canadense é um expert
da narrativa cinematográfica em fase impecável da carreira tal como um dia
ocorrera com nomes como Brian de Palma e David Fincher, por exemplo.
Como de costume, há quem prefira ressaltar
as falhas e frisar que o roteiro do longa-metragem por vezes peca ao inserir
uma subtrama desnecessária sobre a história familiar de um policial corrupto,
bem como ao manipular sobremaneira as emoções e a trama mediante a apresentação
de algumas soluções fáceis e pouco verossímeis². É claro que tais ressalvas não
conseguem nem podem ser ignoradas, porém, a construção imagética é em outros
vários instantes dotada de tamanho realismo que difícil é não relevar os poucos
deslizes do filme e usufruir do impressionante trabalho de Villeneuve que, além
de verdadeiro arquiteto da linguagem audiovisual, também é um exímio diretor de
elenco, arrancando de seus atores interpretações não menos que ótimas.
Dentro deste contexto, a
performance de Emily Blunt há de ser destacada enquanto a figura feminina que
tenta se firmar e impor num meio misógino, tarefa essa cumprida sem o equívoco
de masculinizar a personagem nem compô-la frágil ao extremo, atingindo-se,
assim, um meio termo que torna a protagonista bastante interessante ainda que
sua inocente busca pela verdade e a decepcionante constatação de que certo e
errado se confundem numa realidade de valores totalmente invertidos não seja
algo completamente novo.
Neste sentido, sem nenhum demérito,
o ineditismo não é a meta principal de Sicario
cujo real objetivo é retratar um pouco da guerra contra o tráfico de drogas da
forma mais realista e intensa possível - o que, vale dizer, o diferencia, por
exemplo, da superestimada série Narcos
que pouco acrescenta a um assunto já tão abordado. Graças ao modo como foram filmados e
interpretados, até mesmo os momentos e pontos de virada carentes de ineditismo
resultam impactantes e memoráveis, o que faz da produção responsável por dar
novo fôlego ao gênero policial tão explorado nos últimos anos pelos seriados televisivos, mas deixado um tanto de lado pelo cinema.
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1.Leia
mais sobre O Homem Duplicado em http://setimacritica.blogspot.com.br/2015/05/o-homem-duplicadoo-duploo-menino-no.html.
2. Nesta toada
sugere-se a leitura da crítica disponível em http://www.planocritico.com/critica-sicario-terra-de-ninguem/.
FICHA
TÉCNICA
Título
Original: Sicario
Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Taylor Sheridan
Elenco: Emily Blunt, Josh Brolin,
Benicio Del Toro, Alan D. Purwin, Daniel Kaluuya, Dylan Kenin, Jeffrey Donovan,
Jon Bernthal, Julio Cedillo, Kaelee Vigil, Lora Martinez-Cunningham,
Maximiliano Hernández, Raoul Trujillo, Sarah Minnich, Victor Garber
Produção: Basil Iwanyk, Edward McDonnell, Molly
Smith, Thad Luckinbill, Trent Luckinbill
Fotografia: Roger Deakins
Montagem: Joe Walker
Trilha Sonora: Jóhann Jóhannsson
Estreia: 22/10/2015 (Brasil)
Duração: 121 min.
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