Creed – Nascido Para Lutar
Pobre Menino Rico
Creed – Nascido Para
Lutar (EUA, 2015) se alia a Mad Max – Estrada da Fúria (EUA/Austrália, 2015) e a Star Wars – O Despertar da Força (EUA,
2015) moldando uma tendência de revitalização de franquias a partir não de
histórias originais e sim com base na reutilização das tramas dos filmes
origem. Os termos remake e reboot, neste contexto, não se aplicam
plenamente seja porque alguns novos elementos e personagens são incorporados
aqueles já conhecidos enredos, seja porque atores das sagas originais são
reaproveitados em seus antigos papeis. Em tais casos ocorre até uma espécie de
fusão da trama do primeiro episódio da saga com outros posteriores – no caso de
O Despertar da Força, por exemplo, há
a influência dos enredos de Uma Nova Esperança
e O Retorno de Jedi – resultando,
assim, em produtos nostálgicos mas que também olham para o futuro, daí
agradarem aos fãs de ontem e conquistarem novos adeptos para hoje e amanhã.
Em Creed a história de Rocky
Balboa é praticamente refilmada graças a utilização de outro personagem que
repete seus passos. Dessa maneira, o mesmo caminho é recriado com um
diferencial que representa simultaneamente os pontos de originalidade e de
fraqueza do filme, qual seja a falta de uma motivação do protagonista a altura
daquela que movia o garanhão italiano. Explique-se: apesar de ter passado os
primeiros anos da infância em orfanatos, Adonis Creed fora em seguida adotado
pela viúva de seu pai Apollo, daí passar a viver desde então em situação de
luxo e conforto. Logo, a trajetória do personagem em torno do boxe visa não a utilização
do esporte como meio de sobrevivência em meio a penúria financeira – tal como
ocorrera com Rocky antes do estrelato – sendo sua busca, ao contrário, uma mera
tentativa de satisfação de um ego que almeja ver o nome não sob a sombra, mas
sim ao lado do trono do pai.
Não deixa de ser ousado utilizar uma figura com uma situação econômica
confortável numa fórmula que normalmente se vale da pobreza e dos consequentes
problemas familiares dos personagens principais, porém, tal coragem acaba não resultando
eficiente dada a falta de conflitos ao redor de Creed relevantes o bastante para
causar o envolvimento e a comoção da plateia. Tal tarefa, vale dizer, permanece
sendo cumprida por Sylvester Stallone que num inteligente exercício de
humildade assume uma função coadjuvante e com muita sutileza encena o ocaso do
personagem que sedimentou sua carreira. Delicadamente tratado, o fim de vida de
Rocky vai sendo costurado e devido a importância desse evento e da boa atuação
de Sly o filme pertence mais ao coadjuvante Rocky que ao protagonista Creed.
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1. Leia
mais sobre Mad Max – Estrada da Fúria em http://www.setimacritica.blogspot.com.br/2015/10/mad-max-estrada-da-furia.html.
FICHA TÉCNICA
Título Original: Creed
Direção:
Ryan Coogler
Roteiro: Aaron Covington, Ryan Coogler, Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone, Andre Ward, Brian Anthony Wilson,
Buddy Osborn, Gabe Rosado, Graham McTavish, Hans Marrero, Jacob 'Stitch' Duran,
Joey Eye, Malik Bazille, Maria Breyman, Mark Falvo, Mark Rhino Smith, Michael
B. Jordan, Phylicia Rashad, Ricardo McGill, Ritchie Coster, Rupal Pujara,
Stephanie Damiano, Tessa Thompson, Tony Bellew, Tony Devon, Will Blagrove, Wood
Harris
Produção: David Winkler, Irwin Winkler, Kevin King Templeton,
Robert Chartoff, Sylvester Stallone, William Chartoff
Fotografia:
Maryse Alberti
Montagem:
Claudia Castello, Michael P. Shawver
Trilha
Sonora: Ludwig Goransson
Estreia:
14/01/2016 (Brasil)
Duração:
133 min.
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