Mais Forte que o Mundo - A História de José Aldo
Coadjuvantes
Esquecidos
É fato que todos os bons filmes
sobre trajetórias de profissionais da luta, seja box ou MMA, mostram narrativas
focadas nos dramas familiares dos atletas, sendo as lutas um acessório natural
e decorrente da sucessão de obstáculos experimentados pelos protagonistas em
busca da conquista profissional e pessoal que há de colocar nos eixos não só
suas vidas como também a daqueles que lhes são próximos. Foi assim em Rocky, Touro Indomável, Guerreiro, Menina de
Ouro entre outros. Já no caso de Creed
– Nascido Para Lutar¹
a receita de sucesso foi relativizada sem eficiência gerando, assim, um produto
mais preocupado com a nostalgia do que com a apresentação de um personagem
dotado de dramas relevantes o bastante para tornar a obra cativante. Neste
diapasão, Mais Forte que o Mundo - A História de José Aldo (Brasil, 2015) repete
o erro na medida em que se preocupa demais com o visual, deixando de lado seus
personagens e, consequentemente, a possibilidade de ir fundo nos conflitos do
ser biografado.
Na tela
os percalços iniciais enfrentados pelo brasileiro José Aldo soam como clichês,
problema esse que poderia ser evitado caso o cineasta Afonso Poyart investisse
mais no aprofundamento psicológico dos subaproveitados personagens coadjuvantes
que tanto influenciam o comportamento do protagonista, circunstância essa na
qual se incluem, por exemplo, as figuras da mãe do lutador, bem como de seu
algoz que, criado especialmente para o longa-metragem, representa os demônios
internos de J. Aldo.
Destarte, ao invés de explorar as ricas
nuances dos personagens secundários que dispunha, Poyart prefere investir no
estilo, na assinatura visual que tanto lhe rendera elogios em 2 Coelhos². Ocorre que se em seu
primeiro longa-metragem Poyart fora ousado e eficiente ao conciliar ideias próprias
com referências estilísticas à la Guy Ritchie e Zack Snyder, em Mais Forte que o Mundo as insistentes
cenas em slow motion, os cortes
rápidos executados de maneira recorrente e a constante inserção de trilha
musical produzem uma incômoda linguagem publicitária que até o exagerado Snyder
se esforça para driblar.
Quanto ao elenco, José Loreto é
pura dedicação corpórea ao papel - lamentavelmente, porém, sua falta de
semelhança física para com José Aldo acaba por atrapalhar o resultado da
performance haja vista que a total imersão do espectador resta prejudicada - enquanto
ao seu lado Cléo Pires fracassa ao tentar demonstrar paixão pelo lutador, daí a
química entre o casal ser praticamente inexistente - pior do que a participação
da atriz só mesmo a de Rafinha Bastos que serve à, dispensável, função de
respiro cômico da trama. Já Cláudia Ohana, em breve participação, e Rômulo Neto
se revelam ótimos em cena, o que reforça a tese de que uma maior utilização de
seus respectivos personagens daria ao filme elementos e tons extras.
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1.Leia
mais sobre Creed
– Nascido Para Lutar em http://setimacritica.blogspot.com.br/2016/02/creed-nascido-para-lutar.html.
2. Leia mais sobre 2 Coelhos em http://setimacritica.blogspot.com.br/2012/02/2-coelhos.html
FICHA TÉCNICA
Direção, Roteiro e Produção: Afonso Poyart
Elenco: Claudia Ohana, Cléo Pires,
Felipe Titto, Jackson Antunes, José Loreto, Malvino Salvador, Milhem Cortaz,
Paloma Bernardi, Robson Nunes, Romulo Neto, Thaila Ayala, Rafinha
Bastos
Fotografia: Carlos André Zalasik
Montagem: Lucas Gonzaga
Trilha Sonora: Samuel Ferrari
Estreia: 16/06/2016 (Brasil)
Duração:
104 min.
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