Grandes Garotos
Por um Triz
Neste novo século a França se
qualificou como exímio pólo produtor de comédias, no que se incluem também as românticas,
deixando para trás Hollywood e suas obras rasteiras. Para tanto, não se buscou
reinventar a roda, mas tão somente aproveitar ideias já consagradas pelo cinema
americano e adaptá-las ao olhar europeu, operação quase sempre feita com visível
cuidado no que tange a coerência dos roteiros e a inteligência dos
espectadores.
Considerada a ressalva já feita
quanto a prática de um cinema que preza não pelo ineditismo e sim pela
variação/adaptação, percebe-se que com o passar dos anos e ante a proliferação
de títulos produzidos, as comédias francesas não mais tem precisado olhar para
as realizações hollywoodianas, inspirando-se, na verdade, no que recentemente
fora feito no próprio país no que se refere aquele gênero.
Dentro deste contexto, vejamos o
exemplo de Grandes Garotos (França,
2013): trata-se este do típico filme de camaradagem, permeado por uma breve
trama paralela de romance heterossexual e, o principal, a fissura de um dos
personagens por um ícone da música. Feito tal escalonamento dos elementos do
enredo, constata-se o seguinte rol, não exaustivo, de semelhanças para com
outros filmes:
- a amizade entre figuras incomuns (aspecto esse que
costuma variar noutros títulos quanto a idade, classe social, compleição física
e etc.) que motiva umas das partes a retomar o gosto pela vida lembra o que
fora relatado em Intocáveis¹ (França,
2011);
- se em Grandes
Garotos um dos protagonistas é fã ardoroso de Iggy Pop (tal carta na manga
oscila em produções parecidas entre celebridades do cinema, dos esportes...), Paris-Manhattan² (França, 2012), por seu
turno, acompanha uma admiradora de Woody Allen que de tão fervorosa chega a tecer diálogos imaginários com o mesmo.
Destacadas tais similitudes surge
a pergunta: em meio a abundante presença de situações e soluções de outrora Grandes Garotos funciona enquanto
entretenimento? A resposta, por um triz, é positiva graças ao carisma do elenco
responsável por fazer com que as piadas em sua maioria surtam o efeito
esperado. Um alerta, contudo, há de ser aceso, pois fora o excesso de
repetições de fórmulas que tornara a comédia americana tão irrelevante.
___________________________
1.Leia mais sobre Intocáveis em http://setimacritica.blogspot.com.br/2012/08/intocaveis.html.
2.Leia mais sobre Paris-Manhattan em http://setimacritica.blogspot.com.br/2012/09/paris-manhattan.html.
FICHA TÉCNICA
Título
original: Les Gamins
Direção: Anthony Marciano
Produção:
Alain Goldman
Roteiro: Anthony Marciano, Max Boublil
Elenco: Alain Chabat, Max
Boublil, Sandrine Kiberlain, Mélanie Bernier, Iggy Pop
Duração: 95 min.
Comentários
Postar um comentário