Amor Bandido
Misoginia em 24
Quadros por Segundo
Misoginia é a palavra que
caracteriza de forma exata o drama Amor
Bandido (EUA, 2012). Dito isso, eis um breve apanhado das personagens
femininas que de modo coadjuvante participam da trama:
a) Juniper (Reese Witherspoon): mulher
de postura relativamente promíscua, ludibria o amor de um homem por ela,
levando este a arruinar a própria vida em virtude dos atos de violência por ele
cometidos contra os demais affairs da amada;
b) Mary Lee (Sarah Paulson): mãe de família
responsável pelo desfazimento do próprio lar e por afastar o filho do pai;
c) May Pearl (Bonnie Sturdivant): adolescente cobiçada, arruína o sonho romântico de um garoto de 14 anos ao
desprezá-lo sem qualquer cuidado ou consideração.
Exceção a regra, uma única mulher,
sem nome, não é completamente vilanizada, sendo, ao contrário, até santificada
em razão de ter morrido durante o trabalho de parto – não sem antes levar
consigo a criança que carregava no ventre, afinal, como boa mulher que era não
poderia deixar de causar um grande estrago na vida de Tom Blankenship (Sam
Shepard), viúvo que em razão da tragédia passa a viver sozinho e taciturno.
Desse modo, as mulheres em Amor Bandido são responsáveis pelos
males do mundo, daí os homens restarem isentos de qualquer contribuição perante
os problemas e dores por eles enfrentados. Tal maneira sexista e arcaica de se
referir ao sexo feminino prejudica a narrativa na medida em que ao invés de dar
atenção ao desenvolvimento de uma trama tão desprovida de parcialidade, ao
público se torna mais interessante acompanhar o trabalho do elenco – o que
inclui o subaproveitamento de estrelas como Michael Shannon e Reese Whiterspoon.
Dentro deste contexto, salta aos
olhos mais uma vez o ótimo desempenho de Matthew McConaughey que não desperdiça
a chance de dar continuidade a sua sucessão de interpretações marcantes e
responsáveis por salvar e agregar valor a filmes na maioria medianos, vide os
casos de Magic Mike, Obsessão e Clube de Compras Dallas. Resta ao ator talvez
um pouco mais de sorte ou cautela quanto a escolha dos projetos que lhe são
apresentados para que, ato contínuo, possa com maior frequência aliar o
reconhecido talento a obras relevantes¹, que, sobretudo, não se mostrem
contaminadas por pensamentos preconceituosos que a sociedade moderna tanto busca
combater.
______________________
1. Tal como ocorrera
em O Lobo de Wall Street e Interestelar.
FICHA
TÉCNICA
Título
Original: Mud
Direção
e Roteiro: Jeff Nichols
Produção:
Aaron Ryder, Lisa Maria Falcone, Sarah Green
Elenco: Matthew McConaughey, Tye Sheridan, Allie
Wade, Bonnie Sturdivant, Douglas Ligon, Earnest McCoy, Jabob Lofland, Jimmy
Dinwiddie, Joe Don Baker, John Ward Jr., Johnny Cheek, Kenneth Hill, Kristy
Barrington, Mary Alice Jones, Matt Newcomb, Michael Abbott Jr., Michael
Shannon, Paul Sparks, Ray McKinnon, Reese Whiterspoon, Ryan Jacks, Sam Shepard,
Sarah Paulson, Stuart Greer, Tate Smalley
Estreia no Brasil: 01.11.2013
Duração: 130 min.
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