Dona Onete – Flor da Lua
O Pouco
Que Se Vê
É bom que fique claro: apesar do belo
cartaz, da sinopse instigante e da aparência de documentário ostentada, Dona Onete – Flor da Lua (Brasil, 2018) não
pode ser àquele gênero vinculado eis que na verdade se trata, sobretudo, do
registro de um show da cantora apenas intercalado a cada canção por comentários
breves da mesma que ora explicam a inspiração para as músicas que serão a
seguir executadas e ora fazem referência a aspectos culturais e religiosos que
se mostram presentes no seu trabalho.
Neste
contexto, entre tais falas há uma isolada na qual a paraense discorre sobre seu
passado e expõe, ainda que rapidamente, a pessoa por trás da celebridade. O
gosto de quero mais deixado por essa referida passagem denota o quão vasta em
conteúdo a produção poderia resultar caso investigasse a fundo Dona Onete no
que tange, por exemplo, a forma como lida com as limitações que a idade lhe
impõe em meio aos compromissos profissionais, sua relação com os músicos que a
acompanham na estrada, além de eventuais falhas de comportamento comuns a
qualquer ser humano. No lugar dessas possibilidades, a produção desperdiça
tempo com explicações acerca da gastronomia do Pará e sobre as essências e
banhos aromatizantes vendidas no mercado popular Ver-o-Peso, assuntos esses já
fartamente tratados em âmbito nacional por programas televisivos. Tal perda de
foco demonstra uma dificuldade do diretor V. Cunha em preencher de forma
relevante espaços vagos da pretensa narrativa, bem como um certo deslumbramento
desse último pela estrela principal, daí parecer satisfazer o cineasta como se
muito fosse o pouco que a artista a seu próprio respeito descortina frente as câmeras.
Ficha Técnica
Direção: Vladimir Cunha
Produção: Laira
Mineiro, Joelle Mesquita
Câmera: Neto
Dias
Montagem: Woylle
Masaki
Duração: 71
min.
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