Além da Vida


Redondinho mas Sem Graça

Ainda que tecer comparações entre filmes seja uma diversão comum entre cinéfilos, certas banalizações publicitárias não raro incomodam em razão de abstraírem toda e qualquer unidade e exclusividade do objeto de comparação.
Tal prática, apesar de nefasta, volta e meia permeia a cabeça do espectador de maneira um tanto quanto inevitável; por isso, mesmo discordando dessa tendência há de se admitir: assistir Além da Vida (EUA, 2010) é como testemunhar o cruzamento de Short Cuts (Robert Altman, EUA, 1993) com Ghost (Jerry Zucker, EUA, 1990), dado o roteiro de temática espiritualista desenvolvido por meio de três tramas paralelas que, por óbvio, se cruzam ao final do longa-metragem.
Dentro deste contexto, Além da Vida constitui aquele tipo de trabalho correto, bem acabado, mas que em momento algum desperta empolgação em quem o vê – a não ser, é claro, pela bem conduzida sequência do tsunami que, em virtude de sua concepção envolta em efeitos especiais, muito provavelmente não fora dirigida por Clint Eastwood. Por certo, a montagem burocrática e deveras obediente quanto a ordem em que cada história é contada contribui para tal resultado, assim como as atuações apáticas de membros do elenco – no que se destaca, de forma não positiva, Matt Damon que a ninguém convence como um médium infeliz com seu dom.
Não fosse o bastante, a manjada conclusão “o amor salva” - haveria aí o dedo do produtor Steven Spielberg? – funciona como gota d’água para definir o filme como uma experiência rapidamente esquecível, demonstrando, desta feita, como o rendimento de Eastwood é infinitamente superior quando o projeto é originalmente por ele idealizado.
Mas, para não soar injusto – e no intuito de justificar a cotação infra-firmada –, vale novamente dizer: Além da Vida é eficaz em sua técnica redonda; o que não quer dizer que isso seja o suficiente para garantir o envolvimento daqueles que o assistem.

Ficha Técnica
Título Original: Hereafter
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Peter Morgan
Estreia no Brasil: 7 de Janeiro de 2011
Duração: 129 min.

Comentários

  1. Olha Dario, concordo contigo, mas ultimamente os filmes do Clint Eastwood tem sido só isso mesmo, um monte de clichês bem feitos... pra gente ver que chichês, quando são bem feitos, rendem bons filmes... "Menina de Ouro" é a prova disso! ;)

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