Meu País
Eficiente
Porque Sincero
Meu País (Brasil, 2011) tem muito a ver com
a história de vida de seu diretor André Ristum¹, daí saltar aos olhos a
principal qualidade de seu primeiro longa-metragem de ficção, qual seja a
honestidade com que é desenvolvida a trama de desavenças familiares ocultas por
diferenças geográficas. Embora o roteiro não prime pela originalidade, o que
realmente importa neste trabalho é a sensibilidade com que os dramas dos
personagens são tratados, mérito esse, vale frisar, que suplanta até mesmo a
falta de empatia perante os três irmãos que protagonizam a obra – afinal,
enquanto Cauã Reymond repete o tom estabanado mostrado em Não Se Pode Viver Sem
Amor (Brasil, 2011), Rodrigo Santoro aposta num tom deveras aborrecido e
Débora Falabella pouco convence como deficiente mental.
Como dito, tal ineficiência de
parte do elenco é superada pela direção de Ristum que não se esforça em tornar
simpáticos aos olhos do público personagens por vezes tão egoístas quanto
qualquer um de nós². Dentro deste contexto, o cineasta agrega pontos extras ao tom
minimalista de Meu País ganha graças a exclusão de diálogos
eficientemente substituídos por olhares emoldurados, por sua vez, em uma
fotografia granulada que confere ao filme certo ar atemporal. Fiquemos atentos
para constatar se Ristum demonstrará semelhante talento em futuros trabalhos
que sejam completamente estranhos a sua vivência pessoal.
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1.“Descendente de italianos – a mãe
e a irmã ainda moram na Europa -, Ristum se dividiu entre os dois países e
sempre experimentou um sentimento de estrangeirismo. ‘Era como se eu não fosse
nem daqui, nem de lá’, diz” (FONTE: Revista Preview, Ed. 24. São Paulo: Sampa. p.
48). “André Ristum trouxe para o roteiro alguns elementos de sua história, como
o período em que morou com o pai na Itália, devido ao exílio durante a ditadura
militar brasileira” (FONTE: http://www.adorocinema.com/filmes/meu-pais/noticias-e-curiosidades/).
2.Neste diapasão, colabora em muito
para a pretensão do cineasta o final em aberto cujo valor reside na sugestão de
que a vida nem sempre dispõe de conclusões bem acabadas e felizes como as que
são mostradas no cinema
COTAÇÃO: ۞۞۞
Ficha Técnica
Direção:Andre Ristum
Roteiro:Andre Ristum,
Marco Dutra, Octavio Scopelliti
Elenco: Paulo José
(Armando)Eduardo
Semerjian (Dr. Osvaldo)Cauã
Reymond (Tiago)Débora
Falabella (Manuela)Luciano
Chirolli (Moreira)Nicola
Siri (Giovanni)Rodrigo
Santoro (Marcos)Anita
Caprioli (Giulia)Stephanie
de Jongh (Joana)
Música: Patrick de
Jongh
Fotografia:
Hélcio Alemão Nagamine
Estreia no Brasil: 7 de Outubro de 2011
Duração: 95 min.
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