O Espetacular Homem Aranha/Homem Aranha
Parcimoniosa Fidelidade
Uma coisa há de ser reconhecida: O Espetacular Homem Aranha (EUA, 2012) é, a princípio, um projeto irrelevante ao público – que conferiu nos cinemas, há apenas cinco anos, o fechamento da trilogia comandada por Sam Raimi – mas necessário a produtores que não podem deixar morrer sua galinha dos ovos de ouro¹. Tendo em vista, portanto, que o filme é uma jogada despudoradamente comercial, chega a causar surpresa a parcimônia com que esta versão resetada é construída. Assim, enquanto o primeiro Homem Aranha (EUA, 2002) costurava vários pedaços de histórias originais num só roteiro – como forma de compor uma frenética trama de origem – a aventura dirigida por Marc Webb deve, por certo, agradar um número maior de fãs do aracnídeo em virtude da fidelidade com que se debruça sobre enredos clássicos dos gibis.
Com efeito, as falhas que maculavam o longa-metragem de Raimi não são agora repetidas, visto que:
- Gwen Stacy (Emma Stone) tem sua participação corretamente garantida sob o aspecto cronológico, não tendo, desta feita, nem sua presença nem sua história surrupiadas de maneira precoce em favor de Mary Jane Watson (Kirsten Dunst);
- o senso de humor do herói ao lidar com seus oponentes é resgatado neste longa-metragem - tal como os lançadores mecânicos de teia, material este que, aliás, deixou de ser orgânico para, viva, assumir sua natureza artificial;
- o vilão Lagarto ganha um comportamento vacilante e, por isso, mais humano, o que o diferencia do Duende Verde² superficialmente escrito e canhestramente interpretado por Willen Dafoe em 2002.
Se, por um lado, não acarreta qualquer inovação digna de nota para o personagem em meio ao imaginário coletivo, a obra de Marc Webb, por outro lado, serve para demonstrar que traições aos textos de origem, apesar de não raro exigidas pelos processos de adaptações cinematográficas, precisam de uma substancial razão para existirem, sob pena de tornarem banalizada e simplificada a ideia inspiradora. Graças a essa lição, O Espetacular Homem Aranha, a despeito de seu caráter irrelevante, é exemplo de “mais” que consegue superar o “do mesmo”. Por essa poucos esperavam...
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1. “Inicialmente, o quarto filme do Homem-Aranha seria mais uma vez dirigido por Sam Raimi e estrelado por Tobey Maguire e Kirsten Dunst, responsáveis pela trilogia original. Entretanto, divergências entre a Columbia Pictures e Sam Raimi sobre os rumos do personagem e os altos salários que seriam pagos ao trio fizeram com que o estúdio optasse por dispensá-los e recomeçar a história do herói aracnídeo do zero” (FONTE: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-128188/curiosidades/).
2. Uma vez que os nomes Oscorp e Norman Osborn são citados ao longo deste novo filme, é de se esperar que a história do personagem seja dignamente contada numa possível sequência.
Uma coisa há de ser reconhecida: O Espetacular Homem Aranha (EUA, 2012) é, a princípio, um projeto irrelevante ao público – que conferiu nos cinemas, há apenas cinco anos, o fechamento da trilogia comandada por Sam Raimi – mas necessário a produtores que não podem deixar morrer sua galinha dos ovos de ouro¹. Tendo em vista, portanto, que o filme é uma jogada despudoradamente comercial, chega a causar surpresa a parcimônia com que esta versão resetada é construída. Assim, enquanto o primeiro Homem Aranha (EUA, 2002) costurava vários pedaços de histórias originais num só roteiro – como forma de compor uma frenética trama de origem – a aventura dirigida por Marc Webb deve, por certo, agradar um número maior de fãs do aracnídeo em virtude da fidelidade com que se debruça sobre enredos clássicos dos gibis.
Com efeito, as falhas que maculavam o longa-metragem de Raimi não são agora repetidas, visto que:
- Gwen Stacy (Emma Stone) tem sua participação corretamente garantida sob o aspecto cronológico, não tendo, desta feita, nem sua presença nem sua história surrupiadas de maneira precoce em favor de Mary Jane Watson (Kirsten Dunst);
- o senso de humor do herói ao lidar com seus oponentes é resgatado neste longa-metragem - tal como os lançadores mecânicos de teia, material este que, aliás, deixou de ser orgânico para, viva, assumir sua natureza artificial;
- o vilão Lagarto ganha um comportamento vacilante e, por isso, mais humano, o que o diferencia do Duende Verde² superficialmente escrito e canhestramente interpretado por Willen Dafoe em 2002.
Se, por um lado, não acarreta qualquer inovação digna de nota para o personagem em meio ao imaginário coletivo, a obra de Marc Webb, por outro lado, serve para demonstrar que traições aos textos de origem, apesar de não raro exigidas pelos processos de adaptações cinematográficas, precisam de uma substancial razão para existirem, sob pena de tornarem banalizada e simplificada a ideia inspiradora. Graças a essa lição, O Espetacular Homem Aranha, a despeito de seu caráter irrelevante, é exemplo de “mais” que consegue superar o “do mesmo”. Por essa poucos esperavam...
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1. “Inicialmente, o quarto filme do Homem-Aranha seria mais uma vez dirigido por Sam Raimi e estrelado por Tobey Maguire e Kirsten Dunst, responsáveis pela trilogia original. Entretanto, divergências entre a Columbia Pictures e Sam Raimi sobre os rumos do personagem e os altos salários que seriam pagos ao trio fizeram com que o estúdio optasse por dispensá-los e recomeçar a história do herói aracnídeo do zero” (FONTE: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-128188/curiosidades/).
2. Uma vez que os nomes Oscorp e Norman Osborn são citados ao longo deste novo filme, é de se esperar que a história do personagem seja dignamente contada numa possível sequência.
Ficha Técnica - O Espetacular Homem Aranha
Título Original: The Amazing Spider-Man
Direção: Marc Webb
Roteiro: Alvin Sargent, James Vanderbilt, Steve Kloves
Produção: Avi Arad, Laura Ziskin, Matthew Tolmach
Elenco: Andrew Garfield (Peter Parker / Spider-Man)Annie Parisse (Mrs. Van Adder)C. Thomas Howell (Ray)Campbell Scott (Richard Parker)Charlie DePew (Philip Stacy)Chris Zylka (Flash Thompson)Denis Leary (George Stacy)Embeth Davidtz (Mary Parker)Emma Stone (Gwen Stacy)Irrfan Khan (Dr. Ratha)Martin Sheen (Ben Parker)Miles Elliot (Billy Connors)Rhys Ifans (Dr. Curt Connors / Lagarto)Sally Field (May Parker)Stan Lee
Estreia no Brasil: 06.07.2012 Estreia Mundial: 03.07.2012
Duração: 136 min.
Ficha Técnica - Homem Aranha
Título Original: Spider-Man
Direção:Sam Raimi
Roteiro:David Koepp, Steve Ditko
Produção: Avi Arad, Grant Curtis, Heidi Fugeman, Ian Bryce, Laura Ziskin, Steven P. Saeta
Elenco: Ajay Mehta (Cabbie) Andray Johnson (Balkan's Aide) Bill Calvert (William Calvert)Bill Nunn (Joseph 'Robbie' Robertson)Brad Grunberg (Heckler) Chris Coppola (Kyle) Cliff Robertson (Ben Parker) Elizabeth Banks (Betty Brant) Erik Kleven (Chef) Gerry Becker (Maximilian Fargas)J. K. Simmons (J. Jonah Jameson)Jack Betts (Henry Balkan) James Franco (Harry Osborn) Joe Manganiello (Flash Thompson) K.K. Dodds (Simkins)Kevin L. Jackson (Bellman)Kirsten Dunst (Mary Jane Watson) Larry Joshua (Wrestling Promoter) Lou Torres (Enrique) Michael Papajohn (Carjacker) Peter Appel (Cabbie) R.C. Everbeck (Eddie Brock) Randy Savage (Bone Saw McGraw) Robert Kerman (Tugboat Captain)Ron Perkins (Dr. Mendell Stromm)Rosemary Harris (May Parker) Shane Habberstad (Little Billy)Stan Lee Stanley Anderson (General Slocum) Tammi Sutton (Street Vendor)Taylor Gilbert (Madeline Watson)Ted Raimi (Hoffman) Tobey Maguire (Spider-Man/Peter Parker) Willem Dafoe (Green Goblin/Norman Osborn)
Fotografia: Don Burgess Música: Danny Elfman
Estreia no Brasil: 17.05.2002 Estreia Mundial: 30.04.2002
Duração: 121 min.
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