Mamonas pra Sempre
Sobretudo Incompleto
Mamonas pra Sempre (Brasil, 2009) é o tipo de documentário que funciona enquanto homenagem
mas que pouco contribui para revelar quem eram os verdadeiros homens por trás
dos personagens nonsense por eles encarnados. Não fosse pelos primeiros quinze
minutos dedicados a história do grupo enquanto banda Utopia e a trechos do
depoimento do produtor musical Rick Bonadio, o filme pouco se diferenciaria da
tonelada de matérias televisivas já feitas sobre os músicos.
Dentro deste contexto,
Bonadio é o único que ousa falar sobre as reais personalidades de cada membro
da banda, bem como a meter o dedo na ferida comentando o quão incômoda era a
constante presença nos bastidores de uma certa namorada do vocalista Dinho.
Considerando, porém, que o relato neste sentido advém de um único indivíduo,
fica a sensação de que mais pessoas deveriam ter sido entrevistadas para a composição
de um mosaico mais abrangente de opiniões não apenas sobre os rockeiros
circenses como também sobre a importância ou não histórica do grupo e de suas
baboseiras para o cenário musical brasileiro da primeira metade dos anos 90. Ademais,
o foco – até certo ponto natural – sobre a figura do carismático Dinho soa um
tanto exacerbado na medida em que, exceto por informações básicas acerca dos
respectivos papeis no grupo, pouco se investiga sobre os demais mamonas.
Tanta incompletude, vale
dizer, alcança seu ápice na abordagem da tragédia que vitimou os músicos. Decidido
a não ser sensacionalista, como tantos veículos de comunicação foram a época do
acidente de avião que pôs fim a existência terrena daqueles artistas, o diretor
Claudio
Khans opta por se concentrar na
vida e a lançar um olhar apenas breve sobre
o sinistro já citado. Sem dúvida o cineasta não pode ser criticado
por falta de posicionamento, contudo, sua decisão acaba se mostrando radical ao
passo em que não fornece qualquer dado, por exemplo, técnico sobre os problemas que levaram a queda
do jatinho no qual viajava a banda. Pelo visto, Khans parte do pressuposto de que os espectadores já
foram por demais bombardeados com detalhes dessa espécie, esquecendo, em
contrapartida que seu trabalho será uma eterna fonte de pesquisa para futuras
gerações, daí porque privar o documentário de uma análise apurada sobre um
evento tão extraordinário caracteriza em definitivo a obra como um produto sobretudo
incompleto, o que, sem exageros, representa uma falha praticamente teratológica
em termos de linguagem documental.
Ficha
Técnica
Direção: Claudio Khans
Estreia: 17.06.2011
Duração:
84 min.
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