Yentl
Ousadia
de Fachada
Yentl (EUA, 1983) expressa a tentativa de Barbra Streisand atualizar nos
idos da década de 80 o gênero musical. Neste passo, grande parte das canções
executadas não é necessariamente cantada pela protagonista, servindo apenas
como uma espécie de narração em voz over, recurso esse enfadonho e
desnecessário na medida em que as letras em nada acrescentam ao enredo ou ao
que já é mostrado na tela. O resultado, portanto, não poderia ser mais
irregular, afinal o que se vê é um musical titubeante, receoso de assim se
assumir, daí não a toa o tempo ter sido implacável com Yentl: hoje assistido, o longa-metragem soa datado e aquém de suas
possibilidades, ainda mais se considerado for nesse contexto a aula de
rejuvenescimento do formato orquestrada por Baz Luhrmann e seu pós-moderno Moulin Rouge – Amor em Vermelho (Austrália
/ EUA, 2001).
Dito isso, o que poderia salvar a
obra da total irrelevância seria a adequada exploração do potencial de seu
texto de origem, dada a presença do espinhoso tema do preconceito e exclusão
sofridos pela mulher em sociedades cultural e secularmente machistas.
Lamentavelmente, o aspecto misógino em torno da saga de Yentl, uma espécie de
Joana d’Arc dos livros, se perde em meio a uma novelesca e repetitiva subtrama
sobre um amor proibido. Desse modo, a ousadia que Streisand almejava aplicar
sobre a forma e o conteúdo de seu filme empaca ante o receio de abandonar por
completo as convenções e fórmulas consagradas de outrora.
FICHA TÉCNICA
Direção:
Barbra Streisand
Roteiro:
Barbra Streisand, Jack Rosenthal, Jerome Kass
Elenco: Amy Irving, Barbra
Streisand, Mandy Partikins, Nehemiah Persoff, Steven Hill
Produção:
Barbra Streisand, Rusty Lemorande
Fotografia:
David Watkin
Trilha Sonora:
Alan Bergman, Marilyn Bergman, Michel Legrand
Duração: 134
min.
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