Pearl Jam: Let’s Play Two
PJ27
Surpreende como o diretor Danny Clinch consegue em Pearl Jam: Let’s Play Two (EUA, 2017) unir dois assuntos
aparentemente díspares como baseball
e rock and roll; para tanto, o
cineasta se vale do amor do astro Eddie Vedder pelo Chicago Cubs, seu time de
coração, e, assim, entrega um produto que consegue satisfatoriamente tratar de
temas como a recente ascensão da equipe esportiva, a devoção de seus torcedores
e a identificação e carinho desses para com o Pearl Jam, relação de
cumplicidade essa que muito depõe acerca do carisma de seu frontman e sobre o respeito do conjunto pelos fãs.
Mesmo não contando com qualquer fala de importantes integrantes da banda como
Stone Gossard e Matt Cameron, Let’s Play
Two realiza coisas que Pearl Jam
Twenty¹ (EUA, 2011), de Cameron Crowe, não conseguira, tal como mostrar,
ainda que em doses homeopáticas, a interação entre os músicos, além - em sendo um
misto de documentário e filme-concerto - de reservar muito mais tempo para o rock,
nesse caso advindo da acachapante performance em Wrigley Field, estádio do Chicago
Cubs cujas dimensões voltadas para o baseball
acabam deixando o palco ainda mais próximo do público. Ao modo grunge, os rockeiros dispensam
parafernálias tecnológicas e pirotécnicas em sua apresentação e concentram
forças na execução das músicas que eclodem vigorosas de cada instrumento e da
voz de Eddie Vedder que, como de costume, atua como se estivesse no primeiro ou
último show de sua carreira – não à toa, quem, por exemplo, já teve o
privilégio de assistir de perto a banda consegue novamente sentir a sensação de
arrebatamento que o show do Pearl Jam com toda sua intensidade provoca, daí ver-se
na tela uma plateia estupefata ser regida por Vedder também em estado de graça
por estar num lugar por ele tão estimado.
Neste sentido, Let’s Play Two se
revela, a bem da verdade, como mais
um projeto pessoal de Vedder, lançado, porém, sob o selo “Pearl Jam”, como,
aliás, relata o guitarrista Mike McCready sem qualquer ranço de descontentamento.
Guardadas as devidas distinções, Vedder lidera a empreitada cinematográfica assim
como no passado Paul McCartney fizera em algumas ocasiões com os Beatles, daí soar
tão emblemática a canção que encerra o filme: “I’ve Got a Felling”, hit que,
como sabido, faz parte do álbum e do documentário Let It Be² gravados pouco antes da separação dos Fab Four; essa,
contudo, é outra história que, felizmente, não se confunde com a do PJ que com
27 anos de existência segue firme na estrada.
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1.Leia mais sobre Pearl Jam Twenty em https://setimacritica.blogspot.com.br/2012/01/pearl-jam-twenty.html.
2. Leia mais sobre Let It Be em http://setimacritica.blogspot.com.br/2010/09/let-it-be.html.
Ficha
Técnica
Direção: Danny Clinch
Roteiro: Danny Clinch, Tim Donnelly, Taryn Gould
Fotografia: Vance
Burberry
Estreia: 29.09.2017
Duração: 123 min.
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