Comer, Rezar, Amar
Conclusões Equivocadas
Comer, Rezar, Amar (EUA, 2010) um filme baseado no best-seller homônimo de Elizabeth Gilbert, dirigido por Ryan Murphy – criador das tele séries Glee e Nip/Tuck – e estrelado pelos vencedores do Oscar Julia Roberts e Javier Barden. Certeza de um programa promissor? Eis que não.
Inicialmente cabe, desde logo, esclarecer que não é por ser um campeão de vendas que o material literário, no qual se baseia o roteiro, pode ser encarado como sinônimo de qualidade. Dito isso, a direção de Ryan Murphy pouco faz para melhorar o drama e retirar-lhe do lugar comum, uma vez que o cineasta mais parece inebriado pelas cenas paradisíacas nas quais se apóia, bem como nas tomadas gastronômicas que em muito se parecem com o estilo adotado em programas do gênero Companhia de Viagem.
Quanto ao elenco, Julia Roberts não convence em momento algum enquanto mulher em busca de autoconhecimento, eis que - tal qual Tom Cruise, por exemplo – o status de celebridade da atriz se tornou inflado ao ponto de sua imagem não mais desaparecer sob o papel interpretado. Já Javier Barden pode até bancar o latino para as bandas de lá, mas a nós brasileiros o ator não engana por conta do sotaque carregado demonstrado nas ligeiras frases em português proferidas.
Uma vez comprometidos os trabalhos dos atores principais, o brilho fica para os coadjuvantes, graças ao sempre eficiente Richard Jenkins e a James Franco que, após Milk (EUA, 2008) engatilha pela segunda vez consecutiva uma atuação sensível e precisa.
Não obstante a limitação da direção no que atine a condução da trama e do elenco, talvez o que mais incomode em Comer, Rezar, Amar seja o fato de ser um filme excessivamente longo calcado em torno de uma conclusão pífia, qual seja: o sucesso profissional e a independência financeira jamais serão suficientes para a mulher sem a presença de um macho dominante ao seu lado – o que em muito lembra as teses levantadas pelo quarteto de Sex and the City em sua franquia fílmica.
Desta feita, a egotrip da protagonista, após devidamente empanturrada de comida, tem o propósito final de encontrar o amor, numa demonstração de que para as indústrias literária e cinematográfica uma mulher, ao contrário do que bradam os movimentos feministas, dificilmente consegue se contentar com si mesma.
Por último, vale a menção acerca da interessante trilha sonora que só não é melhor por conta da estereotipada seleção de canções brasileiras. Neste sentido, pensar que a música pátria se resume à bossa nova acaba no fim sendo um pecado menor perante tantas outras conclusões equivocadas do longa-metragem.
COTAÇÃO: **
Ficha Técnica
Título Original: Eat Pray Love
Direção: Ryan Murphy
Roteiro: Jennifer Salt, Ryan Murphy
Produção:Dede Gardner
Elenco: Viola Davis (Delia)Silvano Rossi (Paolo)Luca Argentero (Giovanni)Tuva Novotny (Sofi))Welker White (Andrea Sherwood) Julia Roberts (Elizabeth Gilbert) Gita Reddy (The Guru) Giuseppe Gandini (Luca Spaghetti) A. Jay Radcliff (Andre)Hadi Subiyanto (Ketut Liyer)I. Gusti Ayu Puspawati (Nyomo)James Franco (David)Mike O'Malley (Andy Shiraz)Javier Bardem (Felipe)Billy Crudup (Steven)Richard Jenkins (Richard) Chiara Brunetti (Claudia)Emma Brunetti (Paola)Lidia Biondi (Ruffina ) (Giulio)Elena Arvigo (Maria)
Estreia no Brasil: 1 de Outubro de 2010
Duração: 133 minutos
Já tem um tempo que ando adiando minha ida ao cinema para ver este filme, é o tipo de filme que prefiro ver em DVD (ou muitas vezes nem ver..). Enfim, qualquer dia eu vejo, hehehe
ResponderExcluirótima crítica!
abs.
Filme monótono.
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