Caminho da Liberdade
Mediano
Caminho da Liberdade (EUA, 2010) constitui mais um dentre os
inúmeros casos de filmes que prometem mais do que cumprem, eis que expectativas
não faltavam para esta saga de sobrevivência de proporções épicas¹, dirigida
pelo celebrado Peter Weir e composta por um elenco de nomes consagrados como Ed
Harris, Colin Farrell e Saoirse Ronan.
Tantos elementos favoráveis,
entretanto, não impedem a sensação de que, embora correto sob uma ótica
panorâmica, o longa-metragem apresenta deficiências difíceis de serem
relevadas, senão vejamos:
A princípio, o tom contido e não
raro frio com que o drama é abordado não deve ser estranhado, eis que esta é
uma característica comum a outras obras de Weir como, por exemplo, O Ano que Vivemos em Perigo (EUA, 1982), O Show de
Truman (EUA, 1998) e Mestre dos Mares (EUA, 2003) aspecto
esse que, de qualquer forma, torna a narrativa carente de alguns momentos
emblemáticos mas estranhamente ‘saltados’².
Ademais, apesar de ao todo serem
oito os andarilhos que rumam em busca da liberdade, não há um tratamento
igualitário de suas personalidades e aflições, afinal, enquanto para metade dos
personagens é dada considerável atenção – em razão das estrelas que os
interpretam – outra metade fica relegada a uma função que não pode nem mesmo
ser compreendida como coadjuvante, tamanho o descaso para com eles manifestado.
Como outrora dito, não obstante as
visíveis falhas de condução apresentadas,
Caminho da Liberdade consegue,
por fim, se impor como o típico programa de cotação mediana, o que,
convenhamos, constitui um trunfo garantido, sobretudo, pela eficiente direção
de fotografia e pelo correto trabalho de Jim Sturgess aqui escalado para liderar
um time de atores reunidos em condições climáticas deveras adversas.
_________________________________________
1.
“A trama é inspirada no romance The
Long Walk: The True Story of a Trek to Freedom, do polonês Slavomir Rawicz. Nunca se provou a veracidade do
relato, um mero detalhe para Weir que tomou a fonte como ponto de partida da narrativa
ficcional” (FONTE: Preview. Ed. 19. São Paulo: Sampa, Abril de 2011. p. 45.
2. Daí
porque soa estranho a forma abrupta como a fuga do gulag é encenada. Neste
sentido, uma vez desinteressado na ação e no suspense inerentes a escapada da
prisão, Weir abre mão da tensão concernente a um aspecto crucial da trama.
COTAÇÃO – ۞۞۞
Ficha
Técnica
Título Original: The Way Back
Direção: Peter Weir
Roteiro: Keith R. Clarke, Peter
Weir, baseado em
livro de Slavomir Rawicz
Produtores: Duncan Henderson, Joni Levin, Nigel Sinclair, Peter Weir
Elenco: Anton Trendafilov (Steam Man)Dragos Bucur (Zoran)Saoirse Ronan (Irena)Jim Sturgess (Janusz)Ed Harris (Mr. Smith)Gustaf Skarsgård (Voss)Mark Strong (Khabarov)Alexandru Potocean (Tomasz)Stanislav Pishtalov (Commandant)Sebastian Urzendowsky (Kazik) Irinei Konstantinov (Janusz - 1989) Meglena Karalambova (Janusz's Wife -
1989) Sally Edwards (Janusz's Wife -
1939)Colin Farrell (Valka)
Música: Burkhard von
Dallwitz
Fotografia: Russell Boyd
Direção de Arte: Kes Bonnet
Figurino: Wendy Stites
Edição: Lee Smith
Estreia no Brasil: 13 de Maio de 2011
Duração: 133 min.
Realmente esperava mais do filme, esperava mais até mesmo de Jim Sturgess, que é o meu favorito dentre os oito.
ResponderExcluir=1