Oblivion



Entre Mortos e Feridos...

Sim, Oblivion (EUA, 2013) requenta uma série de ideias de ficções científicas de outrora por meio de um roteiro que às vezes resvala no clichê.
Sim, Tom Cruise é mais uma vez o mocinho que não mede esforços para bancar o herói e, de quebra, salvar o mundo e/ou a humanidade.
Sim, Oblivion é mais um instrumento para Cruise demonstrar cacife perante Hollywood e poder de fogo no que tange a guerra das bilheterias nacionais e internacionais.
Sim, Olga Kurylenko é uma atriz de pouquíssimos recursos, daí não haver qualquer química entre ela e seu parceiro de cena Cruise.

Sim, apesar de todos esses senões a obra apresenta um saldo, por incrível que pareça, satisfatório graças a uma narrativa envolvente que – não obstante as ponderações já feitas – possui o mérito de manter a atenção do espectador do início ao fim do filme.
Essa desenvoltura do longa-metragem deve-se, sobretudo, a toada lacônica que marca a primeira metade da produção e que, remetendo a títulos como 2001 – Uma Odisseia no Espaço e Solaris, logra êxito no processo de delineação tanto do ambiente, da atmosfera¹, quanto dos conflitos e objetivos dos personagens. É este naco, portanto, que representa o que de melhor Oblivion possui, sendo, assim, a guarnição responsável pela captura do interesse da plateia.
É uma pena, porém, que, em se tratando de uma realização hollywoodiana na qual fora investido milhões de dólares e que, por isso, exige não só a cobertura das despesas quanto a geração de lucro para aplicação em outros projetos, Oblivion hesite em prosseguir no ritmo inicial, optando, em contrapartida, por caminhos rotineiros e menos arriscados para sua segunda parte.
Eis o caso em que é possível perceber com facilidade o quão grandioso poderia ter sido o resultado final caso a ação não tomasse o lugar da reflexão. Do jeito como ficou, entre mortos e feridos, o novo blockbuster estrelado por Tom Cruise é uma ficção até acima da média, mas que nitidamente poderia ser muito mais.
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1.     Neste sentido, salta aos olhos a elegância do trabalho de direção de arte e da fotografia de Claudio Miranda que recentemente levou para casa o Oscar por As Aventuras de Pi.

FICHA TÉCNICA

Direção: Joseph Kosinski
Produção: Peter Chernin, Dylan Clark, Duncan Henderson, Joseph Kosinski, Barry Levine
Roteiro: Joseph Kosinski, William Monahan
Elenco: Tom Cruise, Morgan Freeman, Nikolaj Coster-Waldau, Olga Kurylenko, Nikolaj Coster-Waldau, Zoe Bell, Melissa Leo, Andrea Riseborough, James Rawlings, Catherine Kim Poon, Lindsay Clift, John L. Armijo, Jaylen Moore, Andrew Breland, Jordan Sudduth, Efraiem Hanna, Jeremy Sande, Z. Dieterich, Julie Hardin, Philip Odango, Paul Gunawan, Fileena Bahris, Joanne Bahris, Ryan Chase Lee, Booch O'Connell, Jay Oliver, Jason Stanly
Fotografia: Claudio Miranda                           Trilha Sonora: M.8.3, Daft Punk
Estreia Mundial: 12 de Abril de 2013              Duração: 124 min.

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