Ad Astra – Rumo às Estrelas


Ceticismo em Destaque
Em sua essência Ad Astra – Rumo às Estrelas (EUA, 2019) é uma variação ao modo ficção científica de Apocalipse Now (1979) ou de No Coração das Trevas, livro de autoria de Joseph Conrad publicado em 1902 no qual se baseara este último, isso porque o roteiro do filme dirigido por James Gray discorre sobre um oficial de alta patente que em missão em local longínquo se rebela e passa a ser alvo de seus pares que então recrutam alguém mais novo para executar a tarefa de eliminação do problema. Em meio a essa narrativa de teor já conhecido são acrescentados elementos extras como um parentesco entre os personagens principais, além de ecos de alguns dos principais títulos do gênero supracitados tais como: Solaris (1972), Contato (1997), Interestelar (2014) e 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968).

Dentro deste contexto, o longa-metragem se dedica bastante ao assunto da frustração de um ser que tendo o perdido o pai muito cedo passa a vida seguindo seus passos, o que inclui:
· trilhar o mesmo caminho profissional com dedicação que o leva, tal como o genitor, a ter dificuldade em manter vínculos afetivos;
· ir até o espaço sideral para ali expurgar sua dor – algo que lembra aquilo que fora mostrado em O Primeiro Homem (2018) título que ao tratar da trajetória de Neil Armstrong manteve o foco sobre a forma dolorosa com que lidava com a morte da filha.
Todavia, o que de fato se destaca na história contada pela obra em comento é o ceticismo com que trata a possibilidade de existência de vida extraterrestre, caminho sem dúvida diferenciado em se tratando de um filão tão esperançoso quanto a tal hipótese. Tal inovação, entretanto, não é suficiente para livrar o espectador do tédio vez por outra gerado por um desenvolvimento deveras arrastado que até tenta em certos momentos ser mais dinâmico mediante a inserção de sequências de ação que acabam soando deslocadas no âmbito de uma obra de toada tão filosófica, dado o modo pouco verossímil com que são estruturadas. Brad Pitt, neste diapasão, se dedica o quanto pode para vivificar um homem que lembra o personagem de outro filme seu, qual seja aquele interpretado por Sean Penn em Árvore da Vida. Destarte, é uma pena que seu empenho não seja capaz de por si só salvar a produção da letargia na qual tanto resvala.

FICHA TÉCNICA

Direção: James Gray
Roteiro: Ethan Gross, James Gray
Produção: Anthony Katagas, Brad Pitt, Dede Gardner, Doug Torres, James Gray, Jeremy Kleiner, Rodrigo Teixeira
Elenco: Alyson Reed, Anne McDaniels, Brad Pitt, Daniel Sauli, Donald Sutherland, Donnie Keshawarz, Elisa Perry, Greg Bryk, Jamie Kennedy, John Finn, John Ortiz, Kimberly Elise, Kimmy Shields, LisaGay Hamilton, Loren Dean, Nicholas Walker, Ravi Kapoor, Ruth Negga, Sasha Compère, Sean Blakemore, Tommy Lee Jones
Fotografia: Hoyte Van Hoytema
Trilha Sonora: Thomas Newman
Montagem: John Axelrad, Lee Haugen
Estreia: 26/09/2019
Duração: 122 min.

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