The Love We Make
E
Paul Acerta Novamente...
A carreira musical de Paul
McCartney jamais foi nem poderá ser repudiada. Suas inserções no campo
audiovisual, porém, foram comumente achincalhadas graças a baixa qualidade do
material produzido, daí serem, não raro, compreendidas como reflexos de um ego
inflado momentaneamente incapaz de discernir entre ideias maravilhosas e
péssimas - neste sentido, filmes como Magical Mistery Tour (Reino Unido, 1967) e Give My Regards to Broad Street (Reino Unido, 1984)
são rotineiramente citados como os mais toscos projetos capitaneados
pelo músico.
Exceção em meio a esse cenário, Let It Be (Reino Unido,
1970) até
hoje é o documentário definitivo sobre os Beatles, graças a crueza com que não
se eximiu de mostrar as feridas abertas da banda, daí ser possível concluir que
quando não interessado em manter controle total sobre as imagens captadas,
ficando, ao contrário, deliberadamente exposto ao perigo representado por
situações inusitadas, Paul alcança resultados mais satisfatórios e importantes,
teoria essa reforçada por The Love We
Make (EUA, 2011), longa-metragem fruto da amizade do roqueiro com o poderoso
Harvey Miramax Weinstein.
Idealizado como o registro do
envolvimento de McCartney com o mega show beneficente realizado em Nova York
pouco mais de dois meses após os atentados terroristas de onze de setembro, o
documentário, na verdade, vai além dessa pretensão uma vez que também permite
ao espectador testemunhar alguns dos primeiros passos do ex-beatle ao lado da
banda que hoje o acompanha há mais de dez anos, bem como o contínuo assédio recebido
de anônimos e famosos, o que inclui figuras do quilate de Ozzy Osbourne, James
Taylor, Billy Joel e Sheryl Crow agindo com total reverência, num misto de
tietagem e respeito que os torna fãs comuns, distantes anos-luz dos grandes
artistas que também são.
Em meio a tamanha popularidade
cabe ao baixista exercer com desenvoltura e naturalidade o papel de bom moço
por décadas assumido, postura, entretanto, que não lhe deixa imune a muitos
momentos constrangedores sabiamente mantidos na edição final de The Love We Make. Graças a essa abertura
para as surpresas do dia a dia, ressalte-se, a produção não só torna Paul ainda
mais humano como também reserva cenas saborosíssimas, cujas descrições são
descartadas em benefício do ineditismo.
Com efeito, o documentário dá uma
mostra do que representa estar na pele daquele que talvez seja o artista vivo
mais amado do planeta. Ciente do impacto causado por sua obra e,
consequentemente, pelos atos por ele praticados, Paul inteligentemente capta o
amor que lhe é dedicado mundo afora e em seguida o repassa, em termos práticos,
a milhares de pessoas necessitadas. Um exemplo a ser copiado.
Direção: Bradley Kaplan e Albert Maysles
Produção: Bradley Kaplan
Produção Executiva: Paul McCartney
Edição: Ian Markiewicz
Duração: 90 min.
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