Retrospectiva 2014, Perspectiva 2015
Retrospectiva
2014, Perspectiva 2015
2014 haverá de ser lembrado como
um ano negro para a história da cultura no Estado do Pará. Neste sentido, a
crise enfrentada pelas salas de cinema alternativo deu as caras logo nos
primeiros meses do ano quando uma pane ocorrida no projetor do Cine Líbero
Luxardo deixou o público por semanas carente da boa programação daquele lugar.
Em seguida, a polêmica rejeição por parte de Cine Olympia e Cine Líbero quanto
a proposta de doação de projetores não mais utilizados pelo complexo Cinepólis
deixou estupefata toda uma comunidade cinéfila que, ansiosa por tal
presente, teve de aturar justificativas autossuficientes e utópicas para o não
aceite.
Já próximo ao fim do ano, a aprovação
do projeto de lei estadual n°439/2014 determinou a fusão do Instituto de Artes
do Pará (IAP) e das Fundações Curro Velho e Tancredo Neves (CENTUR), passando os três a
partir de então a compor a Fundação Cultural do Pará. Tal reforma
administrativa, como sabido, visa a redução de despesas e redirecionamento de
verbas o que, convenhamos, permite as mais drásticas previsões e especulações
na medida em que sem ter a disposição o mesmo orçamento de outrora e deixando
de ter cada um daqueles sua autonomia gerencial, fica difícil crer que as atividades
desempenhadas no passado pelos três sejam normalmente mantidas no futuro.
O cinema, dentro deste contexto,
corre o risco de perder as oficinas de formação profissional (IAP e Curro
Velho), o apoio técnico e logístico as produções audiovisuais (IAP) e até (por que
não?) a regularidade das projeções nas salas de cineclube (IAP e CENTUR).
Guardadas as devidas proporções, a extinção da Embrafilme aniquilou no início
da década de 90 a pretensão de se fazer cinema no país, cenário, pelo visto, reservado
daqui para a frente àqueles que, embora sedentos por praticar sua arte, não
forem agraciados pela iniciativa privada nem residirem na capital paraense.
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