O Impossível
Ainda Há Esperança
Acachapante: eis o
adjetivo que melhor define O Impossível
(EUA/Espanha, 2012). Se Clint Eastwood já havia em Além da Vida (EUA, 2010) dado uma amostra do que seria em termos visuais a
magnitude trágica representada por um tsunami, o espanhol Juan Antonio Bayona
concentra todas as suas forças em tal fenômeno da natureza, potencializando ao
enésimo grau os reflexos emocionais deste por meio da improvável, entretanto
real, história de uma família separada pelas ondas gigantes.
Neste sentido, Bayona sabe
que o enredo por ele descoberto em meio aos relatos de sobreviventes da
tragédia é absurdamente incrível, daí porque não perde tempo tentando
acrescentar à trama qualquer eventual e desnecessário toque pessoal. Em razão
da enorme dramaticidade apresentada pela história desde a fase de coleta de
depoimentos¹, o cineasta interfere o mínimo possível neste diapasão, deixando,
assim, a cargo de seu elenco – no que se destaca Naomi Watts, uma outra força
da natureza, pode-se dizer – as emoções geradas a partir do medo e do desespero
envoltos na perspectiva que os personagens possuem de jamais rever os
familiares perdidos após a chegada do tsunami. Uma vez conectada aos padrões
hollywoodianos de roteiro desde sua raiz, a história, por conseguinte, dispensa
qualquer intervenção de cunho filosófico e/ou religioso por parte da instância
narrativa para a qual, por seu turno, sobre apenas a preocupação de tratar da
esperança e da força de vontade movidas a partir do amor ao próximo - sim, o
egoísmo por vezes dá as caras, porém, é a generosidade para com o semelhante,
mesmo em meio a um cenário tão caótico, que acaba fazendo do homem um ser ainda
digno de confiança.
Em sendo um filme sobre
perdas – da inocência, sobretudo – mas também sobre reencontros, O Impossível logra o enorme êxito de
falar aos sentimentos sem, contudo, parecer piegas. Bayona, vale dizer, emula o
binômio ‘tensão-emoção’ que Steven Spielberg tão bem dominou em início de
carreira, na medida em que arranca lágrimas sem, para tanto, recorrer a firulas
estéticas manipuladoras. Sóbrio, mas, ao mesmo tempo arrebatador em seus
elementos melodramáticos, o trabalho de Bayona explode aos olhos e ouvidos nas
sequências de tensão seja pela forma como, por exemplo, maneja a montagem
paralela, pelo modo como utiliza a banda sonora para fritar os nervos da
plateia ante os ruídos de pernas fraturadas e peles rasgadas, seja, por fim,
para fazer o espectador provar da dor não só interior como também exterior,
física daqueles que foram vitimados pelo desastre natural supracitado. Dessa maneira,
somos arremessados para o epicentro do tumulto com eficiência tal que passamos
a compreender, praticamente com experiência de causa, o que é fazer parte de um
evento catastrófico desse porte. Em curtas e alheias palavras, o longa-metragem
“transforma o cinema catástrofe em uma
obra de arte”².
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1.“Bayona saiu a campo paera recolher
informações das pessoas que viveram aquele trauma e, entre a centena de
histórias que ouviu, encontrou o caso extraordinário de um casal de espanhóis e
seus três filho – no filmes, eles são ingleses” (ITIBERÊ, Suzana Uchôa in Revista
Preview. Ano 3. ed. 39. São Paulo:
Sampa, Dezembro de 2012. p.64).
2.Op. Cit.
p. 64.
FICHA
TÉCNICA
Diretor: Juan Antonio Bayona
Produção: Belén Atienza, Álvaro Augustín, Enrique López
Lavigne , Ghislain Barrois
Roteiro: Sergio G. Sánchez
Elenco: Naomi Watts, Ewan McGregor, Tom Holland, Russell
Geoffrey Banks, Marta Etura, Geraldine Chaplin, Sönke Nöhring, Dominic Power,
Olivia Jackson, Oaklee Pendegast, Bruce Blain, Teo Quintavalle, Nicola
Harrison, Samuel Joslin, Gitte Witt, Byron Gibson, Oak Keerati, Laura Power,
Natalie Lorence, Ploy Jindachote, Johan Sundberg, Cecilia Arnold, Henry Reed,
Georgina L. Baert, Jan Roland Sundberg, Vanesa de la Haza, Christopher Alan
Byrd, George Baker, Oli Pascoe, Lancelot Kwok, David Firestar, Marco Naddei,
Desmond O'Neill
Fotografia: Óscar Faura Trilha Sonora:
Fernando Velázquez
Estreia no Brasil: 21.122012 Estreia Mundial: 11.10.2012
Duração: 107 min.
esse filme está ganhando admiradores diariamente! estou muito ansioso para conferi-lo.
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