Todo Poderoso: O Filme – 100 Anos de Timão
Vai Corinthians!
Aviso aos navegantes: Todo Poderoso: O Filme – 100 Anos de Timão (Brasil,
2010) é uma produção dedicada a torcedores corintianos; ato contínuo, os
comentários traçados adiante serão frutos da visão apaixonada de um membro deste
felizardo grupo, o que justifica a passionalidade presente tanto na análise quanto
em seu objeto.
Com o objetivo de abranger a
história do time de Parque São Jorge ao longo de seu primeiro centenário, o
documentário se mostra melhor, porque mais completo, que o anterior Fiel (Brasil, 2009), cujo recorte, apesar de
consideravelmente menor – o filme se debruçava apenas sobre o amor e fidelidade
da torcida ante o período mais drástico experimentado pelo Corinthians: o
rebaixamento para a segunda divisão – não significou um resultado além do mediano.
Dito isso, Todo Poderoso demonstra ótima capacidade de síntese na medida em
que condensa os muitos feitos e conquistas obtidas pelo Timão durante esses cem
anos sem que o olhar resulte superficial. A bem da verdade, para momentos gloriosos
como o título de 1977, a invasão do Maracanã pela torcida na partida contra o
Fluminense e os primeiros títulos dos campeonatos brasileiro e mundial da Fifa
são empregadas doses consideráveis de tempo, ao passo que para o fundo do poço –
leia-se queda para a série B – é reservado apenas uma vista d’olhos que denota
o quão amarga é a lembrança.
No que tange os entrevistados,
chama a atenção a sinceridade de ex-atletas não vinculados ao clube, como Raí e
Ademir da Guia, ao reconhecerem, ainda que meio a contragosto, a importância do
clube para o futebol brasileiro. Quanto aos notórios corintianos, a obviedade é
driblada na medida em que os depoimentos de personalidades como Andrés Sánchez
e o eterno craque Neto não preponderam em termos de duração sobre as falas de
torcedores, jornalistas – destaque aqui para as exageradas e, por isso, hilárias
ponderações de Juca Kfouri – e demais pessoas ligadas ao Timão.
É certo que no início a
insistência dos diretores para com encenações de ‘causos’ do passado se mostra
boba e desnecessária, tendo em vista que nenhuma reconstituição é mais perfeita
ou mais saborosa do que as cenas perfiladas nas mentes de cada um de nós a partir
dos papos de boleiros escutados. Ademais, o filme apresenta um primoroso resgate
de imagens históricas que reforça a natureza gratuita e avulsa das supracitadas
recriações.
De qualquer forma, esse é um
deslize de pouca significância ante o prazer maior que o longa-metragem proporciona.
Aliás, apenas uma coisa supera o orgulho que Todo Poderoso causa a seus fieis súditos, qual seja a alegria de perceber
que num curto intervalo de dois anos, a produção se tornou deveras
desatualizada; afinal, a verdadeira comemoração do centenário se deu dois anos
depois quando, em 2012, o Coringão levou para casa, de maneira invicta, a tão
desejada taça da Libertadores da América, sagrando-se meses depois bicampeão do
mundo em partida disputada no Japão contra o aguerrido Chelsea.
Ficha Técnica
Direção: Ricardo Aidar e André Garolii
Roteiro: Ricardo Aidar e Celso Unzelte
Estreia no Brasil: 30.07.2010
Duração:
100 min.
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