Pai e Filha / Momentos

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O Mais Puro e Verdadeiro Amor ¹
 
Há muito deixou de ser novidade o fato de a Internet ser um excelente celeiro de materiais cinematográficos excluídos dos circuitos comerciais. Neste sentido, de lá foram extraídos dois curtas-metragens, cujas análises realizadas adiante funcionarão como antecipada homenagem àqueles que no próximo domingo deste mês celebram o dia dos pais. Isto posto, vamos aos filmes.
 Pai e Filha (Father and Daughter, 2000 – não confundir com a obra homônima de Yasujiro Ozu) e Momentos (2010) representam exemplos singulares daquilo que se convencionou chamar de “puro cinema”, dada a sensibilidade e poesia audiovisual neles trabalhadas.
Dentro deste contexto, delicadeza é a palavra de ordem nestas que são produções voltadas à abordagem do amor entre pais e filhas(os), bem como à saudade deixada nas duas partes quando os caminhos da vida tratam de separá-los.
O saudosismo, portanto, é o sentimento que inevitavelmente passa a acompanhar personagens que nada mais são do que reflexos de nossas próprias experiências. Assim, sejam quais forem as trajetórias traçadas, no sucesso ou no fracasso, ficamos a mercê de um vazio, de uma angústia, de um incessante desejo de reencontro daquele olhar de aprovação ou daquele ombro amigo, o que, a depender da fé de cada um, poderá vir a ocorrer ainda neste plano ou quiçá naquele outro para o qual seremos todos um dia encaminhados.
Destarte, apesar de ambos os filmes serem imbuídos de uma tristeza que mais emociona do que deprime e muito embora ambos cedam o espaço dos diálogos para a trilha sonora – que assume, desse modo, o papel de narradora das histórias – são suas peculiaridades que lhes tornam obras ímpares.
Pai e Filha, por exemplo, se firma como uma animação de elegantes traços que explora, com exemplar sutileza, as diversas fases da vida daquela filha, além de sua resignada esperada pelo tão sonhado instante em que finalmente haverá de rever àquele que dela se despediu ainda na sua infância.
Momentos, por outro lado, concentra sua narrativa em pequenos gestos e, sobretudo, em olhares; cada passo para trás, cada toque se agregam ao olhar de seu protagonista, um homem cuja vida tomara rumos tortuosos e hábeis a afastá-lo de sua família.
Uma vez que as conclusões de ambos os filmes diferenciam-se apenas quanto ao espaço, resta claro que os reencontros neles retratados podem até não ser tardios, porém, sempre trarão em seu bojo a sensação de que muito foi perdido até sua concretização, exceto, é claro, o amor que une um pai e uma filha.
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1.    Dedicado àqueles que, respectivamente, simbolizam a eterna saudade e o sentido para tudo: meu pai e minha filha.

Ficha Técnica – Pai e Filha
Título Original: Father and Daughter
Direção, Design e Roteiro: Michael Dudok de Wit
País de Origem: Reino Unido, Bélgica e Holanda
Duração: 8 minutos
Curiosidade: dentre diversas premiações obtidas, Pai e Filha recebeu, em 2001, o Oscar de melhor curta de animação.

Ficha Técnica - Momentos
Direção: Nuno Rocha
Elenco: Rui Pena (Homem)Ana Ferreira (Mulher)Débora Ribeiro (Filha)Valdemar Santos (Homem 1)Ricardo Azevedo (Homem 2)Teresa Nogueira (Filha criança)Diogo Barroso (Homem no carro)Pedro Resende (Transportador)Vitor Nunes (Transportador)
País de Origem: Portugal
Duração: 7 minutos

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