Sucker Punch – Mundo Surreal

Salve as Adaptações

                               Os teasers e trailers promocionais de Watchmen (EUA, 2009) anunciavam que aquela era uma produção capitaneada pelo visionário diretor de 300 (EUA, 2007). Agora a mesma frase de efeito serve de objeto para a campanha de marketing de Sucker Punch – Mundo Surreal (EUA, 2011), o novo filme de Zach Snyder; mas, será este realmente o caso de um artista visionário?
De acordo com o dicionário, recebe tal designação aquele que enxerga à frente, que vê o que os outros não veem. Neste sentido, é o trabalho de Snyder dotado de tal peculiaridade? Uma coisa é inegável: o apuro visual do cineasta – cujos dois primeiros trabalhos outrora citados posicionam-se ao lado de Sin City (EUA, 2005) como as mais perfeitas transposições cinematográficas de histórias em quadrinhos já criadas –, porém, ainda assim, terá Snyder conteúdo próprio para, conseqüentemente, não ser encarado como um profissional meramente performático?
Impulsionado pelo sucesso de público e crítica de todas suas obras, leia-se adaptações, anteriores, Snyder fora acometido pela síndrome de auteur que, não raro, macula a filmografia de muitos diretores. Ansioso por provar ao mundo sua suposta capacidade de criar coisas novas, o cineasta realizou em Sucker Punch uma aventura que – se dessa vez não consiste na versão em carne e osso de uma HQ – não passa da formatação para cinema daquilo que é um jogo de videogame.
Dentro deste contexto, Snyder continua compondo espetáculos visuais arrebatadores, porém, seu show circense em Sucker Punch soa um tanto quanto fútil dada a fragilidade daquele que deveria ser o ponto alto do projeto: o roteiro. Frustrando, portanto, expectativas criadas a respeito do ineditismo de suas idéias, o diretor se apropria de uma série de conceitos preexistentes para empurrar goela abaixo as seqüências de ação vividas pelas dançarinas curvilíneas que aqui ocupam o lugar conferido no passado aos guerreiros anabolizados de 300.
Neste sentido, cabe, desde já, rechaçar uma eventual defesa dos furos do roteiro amparada no aspecto surreal da “trama”, afinal, esse é o tipo de obra que não se preocupa em ocultar o privilégio da forma sobre o conteúdo. Outrossim, uma circunstância agravante sacrifica ainda mais a produção, qual seja a total falta de sutileza com que a história é desenvolvida, daí:
·      personagens entrarem e saírem de cena sem qualquer motivo – como ocorre com o mestre dos magos à la “Charlie As Panteras”  interpretado por Scott Gleen;
·      o universo bélico imaginado pela heroína, soar deveras masculinizado e, por isso, dissonante daquilo que se pressupõe fazer parte do imaginário feminino.
Exageros à parte, resta torcer para que Zach Snyder limite o viés “autoral” de sua carreira a Sucker Punch, seguindo, desse modo, como um diretor de adaptações – tal como fez, por exemplo, John Huston que, aliás, nunca deixou de ser respeitado por essa condição.
  
COTAÇÃO: ۞۞۞

Ficha Técnica
Direção: Zack Snyder
Elenco: Danny Bristol (Tommy Soldier #3)Gerard Plunkett (Stepfather O'Rourke)Lee Tomaschefski (Labotomy Nurse)Jamie Chung (Amber) Jena Malone (Rocket) Malcolm Scott (Cook)Vanessa Hudgens (Blondie)Jon Hamm (High Roller)Oscar Isaac Frederique De Raucourt (Babydoll's Sister)Abbie Cornish (Sweetpea)Scott Glenn (The Wiseman)Carla Gugino (Mrs. Schultz)Emily Browning (Baby Doll)Vicky Lambert (The Count)
Música: Tyler Bates e Marius De Vries
Fotografia: Larry Fong
Direção de Arte: Patrick Banister e Todd Cherniawsky
Figurino: Michael Wilkinson
Edição: William Hoy
Estreia no Brasil: 25 de Março de 2011
Duração: 109 minutos

Comentários

  1. Pelo trailer, me parece um filme muito histérico, visualmente falando. Mas eu confio no Zack Snyder, então, vou dar uma conferida.

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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