Não se Pode Viver sem Amor
Sucedâneo de Situações Estapafúrdias
Existe uma diferença entre criar algo surrealista e entregar um produto simplesmente absurdo. No caso de Não se Pode Viver sem Amor (Brasil, 2011) o cineasta Jorge Durán flerta com o surreal – e até mesmo com o sobrenatural – mas peca ao tentar atribuir verossimilhança as idéias do script, daí o longa-metragem desaguar num sucedâneo de situações estapafúrdias cujo resultado, literalmente, faz jus a expressão desperdício de talentos, vide o inconteste esforço de todos os grandes nomes do elenco para honrar seus respectivos personagens¹ e a produção que, por sua vez, não encontra redenção alguma graças, repita-se, ao roteiro mais sem pé nem cabeça dos últimos tempos².
Eis, portanto, o exemplo de obra que o cinema nacional menos carece neste momento de consolidação; afinal, há muito já se percebeu que o espectador não é bobo nem se contenta com a mera junção, sob qualquer pretexto, de atores globais.
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1. Dentre as poucas sensações dignas de nota deixadas pelo filme, merece registro a ansiedade para que o fim do filme não custe a chegar bem como para ver a atriz Fabiúla Nascimento desvinculada do papel de prostituta já tão recorrente em sua filmografia.
2. Uma prova disso é o total abandono da personagem interpretada por Maria Ribeiro .
COTAÇÃO: ۞2. Uma prova disso é o total abandono da personagem interpretada por Maria Ribeiro .
Ficha Técnica
Direção: Jorge Durán
Roteiro: Dani Patarra, Jorge Durán
Produção: Gabriel Durán
Elenco: Victor Navega Motta (Gabriel)Roney Villela, Rogério Fróes, Simone Spoladore (Roseli)Cauã Reymond (João)Fabiula Nascimento (Gilda)Babu Santana, Ângelo Antônio (Pedro)
Estreia: 6 de Maio de 2011
Duração: 102 minutos
Embora o filme seja mesmo "estapafúrdio" (o que não é necessariamente algo negativo), gostei dele, sobretudo pela Simone Spoladore e pelo "clima" e estética do filme, que me atrairam.
ResponderExcluirO assisti na edição do ano passado (2010) do Cine PE festival e talvez isso tenha pesado positivamente a seu favor, pois é recorrente neste festival termos alguns ótimos curtas e longas demasiado óbvios e sem graça; o presente filme, nada tendo de óbvio ou de padronizado (ao menos no que concerne a produções nacionais) constituiu para mim uma grata surpresa.