Ted
Sexo, Drogas, Rock and Roll e Pelúcia
Ted
(EUA, 2012) é, definitivamente, um filme para não ser levado a
sério, constatação essa que, aliás, representa seu grande mérito.
Lamentavelmente, porém, o estúdio por trás da obra deve ter temido a reação do
público perante um urso de pelúcia que – ao contrário da candura demonstrada
por um bichinho semelhante em Inteligência
Artificial (EUA, 2001) – curte cocaína, cerveja e sexo pago, o que, por
certo, explica o tom de culpa que a comédia adota a partir de sua segunda
metade.
Ok, fazer a personalidade do brinquedo
evoluir conforme o passar das décadas a ponto de torná-lo uma ex-celebridade envelhecida
e rebelde fora uma grande sacada do roteiro; por outro lado, levá-lo a
experimentar dilemas de gente grande e trajetórias de redenção típicas dos
anti-heróis soa como uma tentativa boba de emprestar moralidade a história, o
que, convenhamos, revela desnecessária insegurança dos produtores, uma vez que
o barato da obra advém justamente do caráter politicamente incorreto de seu
protagonista.
Neste sentido, Teddy não se parece
com um Alf (EUA, 1986) nem com um Howard, The Duck (EUA, 1986), mas sim
com a inacreditavelmente desbocada Hit Girl de Kick Ass (EUA, 2010)¹, pois tal qual ela, o ursinho é um boca suja
que não esconde sua obscenidade nem se esquiva de distribuir sopapos quando
provocado, ‘virtudes’ que, vale dizer, o colocam imediatamente na galeria dos
principais personagens criados através da computação gráfica.
Deliciosamente surreal, Ted flerta também com a cultura nerd ao
reverenciar o hoje tosco longa-metragem do super herói Flash Gordon, aventura
embalada ao som do grupo Queen e estrelada pelo canastrão Sam
J. Jones² que fez a alegria da criançada no início dos anos 80. Não a toa,
a interrupção desse universo pop, saudosista e irresponsável por aquela toada
sisuda já comentada anteriormente gera uma óbvia conclusão: ser adulto é chato
pra c...
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1.Comparação, ressalte-se, que busca
fugir da óbvia semelhança do filme e de seu protagonista para com o humor dos seriados
animados “Family Guy” e “American Dad” também criados pelo diretor e roteirista
Seth MacFarlane.
2.Não
deixa de ser irônico, dentro deste contexto, que Sam J. Jones
divida a tela com aquele que é talvez hoje o maior canastrão do cinema
hollywoodiano: Mark Wahlberg. Se esse é o caso de uma piada pré-concebida não há
como saber; de qualquer forma, inevitável é especular o quanto a produção
cresceria se estrelada por um ator mais competente e mais digno de fazer
parceria com um personagem tão incrível quanto Teddy.
FICHA
TÉCNICA
Diretor: Seth MacFarlane
Produção: Jason Clark, John Jacobs, Seth MacFarlane, Scott Stuber, Wellesley Wild
Roteiro: Seth MacFarlane, Alec Sulkin, Wellesley Wild
Elenco: Mila Kunis, Mark Wahlberg, Giovanni Ribisi, Jessica Stroup, Patrick
Warburton, Seth MacFarlane, Joel McHale, Laura Vandervoort, Melissa Ordway,
Aedin Mincks, Ralph Garman, Ginger Gonzaga, Alexandra East, Sam J. Jones
Fotografia: Michael Barrett Trilha Sonora: Walter
Murphy
Duração: 106 min.
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