O Lado Bom da Vida
Salvo Pelo Elenco
Em O
Vencedor (EUA, 2010) David O. Russel abordou a história de uma família
disfuncional em meio ao universo do boxe, trama essa que fora ainda salpicada
com leves doses de romance. O Lado Bom da Vida (EUA,
2012), dentro deste contexto, revela o mesmo esquema tático, embora
determinadas peças tenham sido trocadas de posição quanto a sua relevância na
tentativa de distanciar uma obra da outra, senão vejamos:
-
o núcleo familiar conturbado aparece em ambos os longas, porém, se no primeiro
título a figura central do clã era assumida pela mãe (Melissa Leo) na produção
mais recente é o pai quem ganha destaque através da presença de Robert De Niro
em um momento inspirado, ainda que permeado por alguns de seus velhos
maneirismos;
-
mesmo que sua importância dentro da trama de O Lado Bom da Vida seja
menor se comparada a O Vencedor, o esporte continua dando as caras, de
forma que no lugar do boxe é o futebol americano que mexe com os brios dos
personagens;
-
se o esporte perdeu a relevância de outrora, o romance agora assume um papel de
grande destaque, fazendo de Silver Linings
Playbook quase que uma legítima comédia romântica ao modo Jerry Maguire (EUA,
1996).
Isto posto, tais “diferenças” são manejadas
em ambos os exemplos para servir de moldura a uma mesma tela, qual seja a
história de superação de um fracassado que em meio a uma turbulenta trajetória
galga ao fim conquistas que tornam melhor não somente ele próprio como também
aqueles que o rodeiam.
Por isso, O Lado Bom da Vida soa
previsível, não obstante o fato de também deter um imenso charme, fruto de um
roteiro que não hesita apresentar de um inusitado e curioso cruzamento de Rain
Man (EUA, 1988) com Dirty Dancing (EUA, 1987), mescla essa que por
vezes ameaça desandar mas que é controlada com unhas e dentes por um ótimo
elenco no qual mais uma vez se destaca Jennifer Lawrence tanto pela beleza
exuberante quanto pelo indiscutível talento. Graças a atriz e seus companheiros
de cena nem mesmo a irritante câmera na mão que tanto faz questão de se mostrar
presente – como que a espelhar o caótico estado de espírito do protagonista –
consegue impedir que o filme também trilhe caminho de superação semelhante ao
de seus personagens, deixando, por fim, uma agradabilíssima sensação no público.
Apesar de alguns percalços, a receita do
bolo mais uma vez deu certo, resta a David O. Russel evitar futuras novas
repetições caso não queira se tornar um eterno refém da competência de seus
atores.
Ficha Técnica
Titulo
Original: Silver Linings
Playbook
Direção e
Roteiro: David O. Russel,
baseado na obra de Matthew Quick
Produção: Bruce Cohen, Donna
Gigliott, Jonathan Gordon
Elenco: Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper,
Julia Stiles, Chris Tucker, Shea Whigham, Dash Mihok, John Ortiz, Anupam Kher,
Jacki Weaver, Montana Marks, Bonnie Aarons, Romina, Jessica Czop, Paul Herman,
Matthew James Gulbranson, Jeni Miller, Luisa Diaz, Patrick McDade, Brea Bee,
Vaughn Goland, Thomas Walton, Jen Weissenberg, Regency Boies, Tiffany E. Green,
Marty Krzywonos, Todd Anthony, Cindy Engle, Kirk Kelly, Samantha Gelnaw, Ryan
Tygh, Jade Froeder, Volieda Webb, Mihir Pathak, Rick Foster, Susanne Sulby,
Phillip Chorba, Richard Clabo, Nikki Corinne, Richard Adams, Cheryl Williams,
Rick Russo, John G. England IV, Jerry Perna, Robert Bizik, Alan Davis, Tom
Delconte, Debra Efre, Liam Ferguson, Shawn Gonzalez, Cody C. J. Greene, Jae
Greene, Andrea Havens, Ian Jarrell, Dennis Jeantet, Benjamin Kerr, JaQuinley
Kerr, David Kneeream, Michael J. Kraycik, Tom Leonard, Raymond Mamrak, Erica
Lynne Marszalek, Carol Anne Mueller, Jason Mullen, Luis Pacheco, Charles Pendelton,
Pete Postiglione, Chuck Rayner, Vincent Riviezzo, Sherri X. Russo, Michelle
Santiago, Ryan Shank, Kenny Shapiro, Rita Soto, Will Souders
Música: Danny Elfman
Fotografia: Masanobu Takayanagi
Estreia no Brasil:
01.02.2013
Estreia Mundial: 21.11.12
Duração: 122 min.
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