Substitutos
Ostracismo Futurista
Munidos de justificativas como a diminuição da violência, a devolução da capacidade locomotora a paralíticos, bem como a pura e simples possibilidade de rejuvenescimento e/ou embelezamento, homens e mulheres praticamente não saem mais às ruas, preferindo, assim, comandar, do “conforto” de suas casas, as sexies versões robóticas de suas personas.
Partindo desta premissa, Substitutos (EUA, 2009) adapta a graphic-novel de Robert Venditti para contar uma nova história de embate entre Davi e Golias, o que desta vez é feito sob a ótica de uma ficção científica que, mesmo sofrendo visíveis tropeços – Bruce Willis com seus maneirismos é um deles –, se revela hábil a, em meio a tiros e explosões, levantar curiosas discussões éticas acerca do ostracismo deliberadamente adotado pelos seres humanos após a admitida assunção, por máquinas, de seus deveres profissionais e de suas relações sócio-afetivas. (1)
Neste passo, ainda que lamentavelmente o potencial desses dilemas não seja explorado em sua plenitude, a mera citação desses elementos, se não garante o nascimento de um novo Blade Runner, inegavelmente descaracteriza o longa-metragem como a aventura descerebrada que ameaçava ser, premiando-lhe, ao fim, com um agradável quê de surpresa.
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(1) Dada a similitude funcional existente entre os avatares da obra dirigida por James Cameron e os robôs substitutos da produção em comento, é possível imaginar o grande filme que aquele primeiro poderia ter sido caso dispusesse de uma dramaturgia menos rasa e não fosse tão arduamente empenhado em ser mera arte do espetáculo em versão natureba-infanto-juvenil.
COTAÇÃO: *** Ficha Técnica Título Original: Surrogates Direção: Jonathan Mostow Estreia: 24 de Setembro de 2009 Duração: 94 minutos |
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